Brilho, explosão. O significado da palavra grega eklampsis, que deu origem ao termo eclâmpsia, traduz bem o que ocorre no organismo de quem precisa enfrentar esse fenômeno exclusivo da gravidez, cujas causas ainda são desconhecidas. O que se sabe é que a pressão sobe subitamente, a ponto de provocar edema cerebral, convulsão e levar a mulher ao coma – ou seja, o corpo é pressionado além da conta, culminando em uma espécie de colapso. Mas, calma! Apesar de assustadora, a ameaça é passível de prevenção.
A melhor oportunidade para evitar essa situação extrema é o estágio que a antecede, classificado como pré-eclâmpsia, que acomete de 5% a 10% das gestantes, com base em pesquisas científicas. Por si só, a pré-eclâmpsia representa um problema sério, mas pode ser controlada se descoberta a tempo. Um pré-natal cuidadoso, com início o mais cedo possível, garante boas chances de final feliz para a dupla mãe e filho.
Quando a pré-eclâmpsia se manifesta
Ela costuma se manifestar a partir da 20ª semana de gestação e também tem como principal característica a pressão arterial elevada, acompanhada de inchaço e de outros sintomas, entre eles dor de cabeça. Como consequência, o fluxo de sangue para o bebê fica comprometido. Assim, a criança recebe alimento insuficiente e tem seu crescimento prejudicado, ficando mais frágil. Não raro, isso obriga os médicos a fazerem um parto emergencial, antes da data prevista. No entanto, o pior dos cenários ocorre quando uma alteração na coagulação sanguínea provoca um descolamento prematuro da placenta, uma complicação perigosa que desencadeia hemorragia e requer também um parto de urgência. Felizmente, os recursos disponíveis na medicina permitem, na maioria dos casos, impedir tantos problemas.
Pré-natal rigoroso e tratamentoA hipertensão, sempre presente na pré-eclâmpsia, pode passar despercebida, pois não costuma ter sintomas evidentes. Por isso, é tão importante acompanhar a evolução da pressão ao longo dos meses, de maneira correta e regular, durante as consultas de pré-natal. “No primeiro trimestre, a pressão arterial da gestante costuma cair. Se isso não acontece, já ficamos de sobreaviso”, afirma o cardiologista e nefrologista Celso Amodeo, da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Exames de sangue e urina também dão pistas de alterações, como nos níveis de ácido úrico.
Quando a disfunção é diagnosticada, o próprio obstetra pode tratá-la. Casos leves são controlados com repouso, baixa ingestão de sal e de calorias, anti-hipertensivos e visitas frequentes ao médico, de acordo coma necessidade. Os quadros mais intensos, além de tudo isso, necessitam de internação para um acompanhamento rigoroso. Se a situação estiver estabilizada, a gestação segue normalmente.
Esse conjunto de precauções minimiza significativamente o risco de o quadro evoluir para eclâmpsia. Do contrário, a mulher pode apresentar um comportamento que lembra um ataque, com queda, perda de consciência e vômito. As pessoas próximas devem chamar ajuda médica ou levar a gestante ao pronto-socorro o mais rápido possível. Casos severos podem levar a mãe e o bebê à morte. Por isso, em algumas situações, o obstetra pode prescrever sulfato de magnésio antes do parto, para proteger os neurônios da mãe e do bê, se houver um pico de pressão.
SINAIS DE PRÉ-ECLÂMPSIA
– Inchaço de mãos, pés e rosto – Dor de cabeça – Dores abdominais – Sangramento vaginal – Perda de proteínas pela urina – Alterações visuais – Pressão alta – Baixo nível de plaquetas no sangue – Alteração de enzimas hepáticas
O QUE AUMENTA O RISCO DE PRÉ-ECLÂMPSIA
– Primeira gestação – Gravidez gemelar – Fetos grandes – Histórico de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestações anteriores – Ocorrência de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia na família – Pressão alta antes da gravidez – Idade superior a 35 anos – Sobrepeso
Atenção: Se você se encaixa nesse grupo, é válido redobrar o cuidado. Além de controlar o peso e a ingestão de sal, pratique atividades físicas e tente combater o estresse, já que essas medidas favorecem o equilíbrio da pressão arterial.